sorry folks: u forgot tha say 'please'
voltaremos quando vos for mais inconveniente

it gets old

Voltamos de mais uma feira com leituras que nada devem aos cómicos. Novidades inconsequentes, folheamos todas não trouxemos nenhuma. Para o arquivo a escolha foi para o "Das Conferências do Casino à Filosofia de Ponta - percurso histórico da banda desenhada portuguesa" de João Paulo Paiva Boléo e Carlos Bandeiras Pinheiro, publicado pela Bedeteca de Lisboa em agosto 2000, em detrimento de completar os "LX Comics", mesma editora, igualmente virar de século. Provavelmente haveremos de lá voltar por eles: tal-qualmente inconsequentes, mas daquele período que nos toca a veia saudosista da forma certa - como compreender a BD entre adultos sem esse sentido nostálgico de uma era passada mais próxima da nossa identidade –mesmo se apenas romanceada pela exclusão de uma continuidade imaginada? Há os que se sentem picados pelo Mosquito, nos P+ importa-nos a década de noventa, os teens talvez venham a recordar com o mesmo afecto a edições actuais da Kingpin e afins. Maleita de uma cultura popular que só à distância de alguns anos atribuímos valor a artefactos desta natureza, e em poucos é tão notória a passagem do tempo como na banda desenhada. E no tópico de anos que passam, inconsequências, anos 90, comics e identidades que de fazem, voltemos ao primeiro livro. A ler nos próximos dias, mas registamos o optimismo no "prólogo Portugal e Banda Desenhada" à data de publicação do livro:

  • Pela primeira vez foram defendidas teses de doutoramento sobre BD.
  • Também a inauguração da Betedeca de Lisboa em abril de 1996, com um programa de exposições e de publicações muito dinâmico, diversificado e de qualidade, dirigido pelo jornalista e crítico João Paulo Cotrim, permitiu a realização de algumas notáveis exposições de investigação histórica, acompanhadas de excelentes catálogos, e propiciando reedições parciais ou integrais (...).
  • Os festivais de BD revelam dinamismo. O maior é actualmente o da Amadora, mas também há festivais e salões, com maior ou menor projecção, no Porto (privilegiando a BD alternativa), em Lisboa (o mais recente, mas desde já um dos mais importantes e promissores, também dedicado à Ilustração), Sobreda, Moura, Viseu, etc.

Quis o azar que não se nomeassem os festivais do Porto e de Lisboa –eu sei que sabes, mas, e os teens que nos lêem saberão? E, aquilo do Amadora: vale a pena registar, pelo andar da carruagem arrisca os caminhos promissores dos idos festivais de que não reza a história.

Da "abertura" de João Paulo Cotrim a pérola mais deliciosa que apenas a incansável marcha do tempo nos permite apreciar hoje devidamente.

Tendo em conta a presença literária na nossa identidade, a relação texto-imagem foi mantendo desequilíbrios que o fulgor plástico do modernismo e de alguma contemporaneidade procuram perturbar. A política e o comentário social de actualidade acompanharam cada quadradinho quase como uma sombra. Se a isso somarmos o sentido do lúdico despertado pelos contos destinados às infâncias encontramos raízes para a popularidade do género.

Da relação texto-imagem, modernismo e contemporaneidade, política e comentário político, o sentido lúdico infantil, tudo somado a popularidade do género... E o remate de ideias que se segue também não é de ignorar:

E depois, mais do que indústria, o que tivemos foi autores e ideias.

Talvez JPC apontasse ao futuro essa última entrada mas selou convenientemente o destino da BD em PT: "e assim foi" acrescentamos.  Do sentido lúdico despertado por contos infantis, também. Já da popularidade do género estamos conversados. Da sua modernidade, igual: é de plástico. O comentário social à sombra em cada quadradinho só a podemos entender à luz de uma contemporaneidade perturbada... Felizmente o livro ocupa-se de uma linha temporal bastante extensa que termina precisamente nos anos 90: a escusar-se de previsões mais além, mantém-se uma leitura válida.

De leituras válidas, duas notas extra a quem nos acompanha em outras frentes.

No historial da BD e suas origens entre nós encontramos referência ao ano de 1848/49 "proto-bds -série de desenhos de tipo antes/depois, uma série de três desenhos, cujo tema é a crise do jornalismo e a falência dos jornais". Repararam no tema? Nós reparámos - assim como no número mágico pelo meio. Assim como se trata de "protos", ie, objectos que partilham de semelhanças à BD como esta é entendida mas ainda não no seu formato actual: hoje desconfiamos que isso dos formatos tem muito que se lhe diga ainda, enter digital e a banda desenhada continua a ser reinventada. A crise dos jornais, banda desenhada em outros formatos, a santa trilogia pelo meio? Senhores...? Continuamos em sintonia com o geist.

Nota dois: tópicos de interesse, historiografias, Bedeteca de Lisboa, Feira do Livro 2017...? "Corta-E-Cola / Punk Comix" de Afonso Cortez e Marcos Farrajota com anúncio de lançamento dia 10 de junho "a propósito dos 40 anos de punk em Portugal". Obviamente, a lermos. Obviamente, daqui a 20 anos, quando o valor acrescido da sua leitura resulta não da análise feita ao passado mas como os pressupostos que transpiram serão confrontados no futuro. Aquilo de "proto-punx".

Mas o read do fim-de-semana a propósito de old ways getting older e a envelhecer mal vai para tópicos mais consequentes - os cómicos são secundários quando não são pertinentes. Do "Bilderberg: the world’s most secretive conference is as out of touch as ever": fake news e populismo.

Say what you like about Bilderberg, but they’ve got a sense of humour.

But my favourite joke by far from this year’s agenda is this item: "The war on information". Bilderberg is concerned about fake news? The world’s most secretive conference, which is spending hundreds of thousands of dollars keeping the press away from its sacred discussions, which has spent decades lying and obfuscating about itself, wants to ensure the spread of truth?

Many times before I’ve been detained by armed police for trying to report on this conference. I’ve been bundled into police cars and yelled at to hand over my camera. I’ve been escorted out of my bedroom at 1am and made to stand under a police spotlight on an Austrian mountainside. I’ve actually wrestled with a policeman in an Athens metro station. And they want to talk about a war on information?

If Bilderberg wants an answer to "Why is populism growing?" – another question on the agenda – they might take a look in the mirror. It’s almost as if people aren’t all that comfortable with unaccountable technocratic elites and billionaire globalists lobbying their ministers and party leaders behind closed doors.
in "Bilderberg: the world’s most secretive conference is as out of touch as ever" 2 jun 2017

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