sorry folks: u forgot tha say 'please'
voltaremos quando vos for mais inconveniente

puta paranóia

Se -por algum motivo- têm uma boa impressão do criador dOS POSITIVOS e a querem manter, este texto não vos importará muito e podem saltar à frente. Se, por outro lado, já nos conheces, ou já tivemos esta conversa antes, segue-se o poverbial "told ya muthafuckaaaaaas!!".

A nossa lógica:

Em maio publicámos um post onde comentamos um livro que encontrámos no dia. Totalmente por acaso. De uma pilha de livros caótica, da banca dos independentes / pequenos editores que nem têm espaço próprio na feira do livro e enrolam-se numa tenda ao monte e fé em deus. IE, encontrámos este livro entre livros que nada têm a ver com BD, onde nada o acusaria, enterrado em lugar díficil de o antever e sem qualquer intenção anterior a prevê-lo. Livro esse, que, comprado em 2016, já ia então em 8 anos de prateleira: foi editado em 2008. As hipóteses de acabar nas minhas mãos, nesse dia, naquele contexto, são francamente irrealistas. Mas aconteceu.

Continuando -

Nesse livro, um dos (dois *) autores que colaboram na antologia e que mais nos interessou, por ser justamente a mais óbvia excepção dos que coleccionamos nas nossas estantes já que não temos ainda qualquer livro seu, foi Ben Katchor.


* Não vamos dizer qual é o outro que está em falta só para tirar teimas. We'll sit on it.

No livro, excertos retirados do "The Beauty Supply District" (Pantheon Books, 2000). As histórias deste têm como denominador comum a personagem "Julius Knipl", uma personagem que surge pela primeira vez no "Cheap Novelties: The Pleasure of Urban Decay" (Penguin, 1991). Um quick recap portanto: em maio 2016, compramos um livro de 2008, com excertos de um livro de outros oito anos antes, 2000, com bds que remontam ao primeiro livro do seu autor, 1991. Em termos de timeline, o nosso bottom line é: não conseguimos encontrar formas mais insinuadas de nos expormos a este contacto, e neste momento.

We-good?

K.

O que aconteceu então: ontem, descobrimos que o "Cheap Novels", o original, o de '91, há muito fora de circulação, o tal que falta na nossa estante, foi reeditado o mês passado pela Drawn & Quarterly. Vinte e cinco anos depois, e apenas 4 meses depois de termos suspirado pela coisa.

Hey, se calhar é só coincidência. Se calhar um hiato de 25 anos é o período normal entre edições. Se calhar. Mas... Por outro lado. Um quarto de século desaparecido, e apenas 4 meses depois - "4 meses" é gíria editorial para "o tempo que leva a paginar e mandar cá para fora"-, magia: aqui está o livro que pediste?

Espera: há mais.

Os níveis de paranóia ainda picam mais alto.

'Tás a ver o TCJ? Já uma vez explicitamente comentámos "há quem simplesmente pense que (o Real Nós) tem algum inside knowledge sobre o que The Comics Journal está para publicar" pelas vezes que nos adiandamos aos temas que eles publicam. Well, funny story: tropeçamos na pequena novidade da reedição do Katchor numa entrevista do TCJ 19 outubro 2016, onde entre outras coisas lhe perguntam sobre...:

-wait for it...-

What do you think about the Internetization of our lives in the past 15 years or so?

OY?!

... e porque pergunta? Porque -

lately he has been drawing everything digitally

Yep, comics no digital. É. Pode ser que seja só mais uma coincidência de temas.

Mas espera: e-ainda-há-mais.

Tal como, por acaso, mera coincidência, mudaram a capa do original, substituindo o urban decay de fundo -uma cidade- para no seu lugar usarem o interior de um jornal - aquele media em decay que tanto nos tem ocupado agora.

Pah. O Katchor, enrolado com o digital, e a web, e os media, e logo agora, e em nenhum momento antes em 25 anos de oportunidades que já houve?

Yeah... told ya muthafuckas!

Fuck it: o outro autor é o David Heatley. David Heatley. David Heatley! Não edita corno desde '08 também e não cruza caminhos connosco fora umas referências esbatidas aos "Kramers Ergot" - se de repente aparecer o livro dele na minha caixa de correio passamos a enrolar uma folha de alumínio à volta da cabeça.

Amanhã: sobre o que Katchor diz do digital e o que nós acrescentaremos por cima. Tudo porque o A-to-tha-G termina a sua crónica de hoje 21 outubro 2016 sobre a "atenção, isto é, a concessão do nosso tempo disponível", da seguinte forma:

um bem que se tornou precioso a partir do momento em que emergiu a nova situação de superabundância e se multiplicaram os estímulos que nos fazem mudar rapidamente de focalização, muito especialmente na cultura e na informação, onde o regime é tendencialmente free. (...) É por esse bem que lutam hoje todos os mercados. Nesta luta há uma entidade invencível: graças a um algoritmo que ocupa o lugar de Deus, a Google é um titã da economia da atenção.

Mais coincidências.

Agora, licença, temos que varrer o office à procura de microfones escondidos.

começa a ser pornográfico