sorry folks: u forgot tha say 'please'
voltaremos quando vos for mais inconveniente

them funnies!

(so I’ll dig deeper)

Debater a seriedade dos cómicos é cada vez menos estimulante nos dias que correm – ainda bem.

Infelizmente a sua crescente aceitação continua a decorrer do habitual processo de apropriação cultural que dissolve no inócuo o que de mais interessante os cómicos oferecem – e não nos referimos ao artsy-fartsy shock-chique mas sim à revolução que não será desenhada em banda.

Exceção dos editorial cartoons que - particularmente pós-Charlie- pessoalmente nos parecem cada vez mais os sucessores legítimos dos comix underground, mas isso fica para outro dia.

A idade adulta dos cómicos é apregoada há demasiado tempo, mas até hoje essas vozes no deserto não tinham qualquer tração entre um público maior. Tipicamente, os líricos de serviço imaginando-se jornalistas – com ou ser carteira- e absortos por um sentimento misto de divulgação e benevolência pela peça, emprestavam algumas linhas à promoção deste ou aquele autor com alguns comentários a marcar passo onde a ocasião se apresentasse. Ao puff piece domingueiro acresceu-se depois uma pretensão bastante mais adjetivada, substantivada, de outra tribo com outra gramática. Que os cómicos têm já há algum tempo atenção dos académicos é lugar comum e não devia mais ser notícia (22 jan). Mas o interesse da academia nunca foi sinónimo de porra alguma: perdidos entre painéis, posters, conferências ou a publicação de artigos em circuito fechado para cumprir calendário ou fundar estatuto só conseguem que os cães durmam enquanto a caravana faz o seu circo fundeados mesmo nas suas fuças.

Mas de repente os cómicos saíram do gueto e estão na rua a merecer a atenção do grande público. Se a Diamond serve de referência (26 jan) – e será difícil encontrar alternativa mais paradigmática- passámos um qualquer limiar relevante:

“Diamond Comics Distributors and one of the largest distributors of graphic novels and pop culture merchandise to bookstores and the school and library market, reports that 2015 was the “second best year” in the history of DBD. “And we expect 2016 to be our best year ever”

Excepto que desta vez não devemos o entusiasmo aos formatos habituais. O herói desta história não é verde, nem outro planeta, nem voluptuoso nas curvas, mas é o despretensioso graphic novel que a meio do ano passado obrigava os nossos especialistas nacionais a escaramuçar a sua tradução. Mais:

“Consumer interest in graphic novels keeps rising. That’s been a trend over the last 10 years”

E não é se pense que é uma realidade norte-americana apenas---

“On the international scene, (...) graphic novel sales in the U.K. and Europe were growing “like gangbusters.”

Missão cumprida: parece que os cómicos chegaram, e “there’s a graphic novel for everyone these days, crime, romance, adventure, kids books”. E agora que fazem parte do tecido da sociedade em breve serão tão desprezíveis como tudo o resto, pelo que aproveitamos a ocasião para recordar:

OS POSITIVOS:
we’ been joking about comics
way before it was even funny!

Na taxinomia que corre, também queremos mudar o nosso tag line e começar a criar aqui algum distanciamento à coisa passando de “P+: a BD!” para “P+: uma outra cena qualquer com apontamentos de BD pelo meio” :)

-daddy, we' stuck in line?
-nope, daddy's makin' a turn first chance I get and fuck these guys!
-MO-OM! dad's talking dirty again!

entropia