sorry folks: u forgot tha say 'please'
voltaremos quando vos for mais inconveniente

happy propaganda day


arte, elites e quem faz o trabalho de merda

O mainstream redescobre tópicos que costumavam ser nossos nichos: não só os nazis estão de novo em voga –e eles nunca foram realmente embora- como a ideia de propaganda está a fazer um comeback e encontramos-la com uma maior regularidade entre os media - ainda que por vezes, com propósitos que apenas os podemos entender no contexto de... propaganda.

Na tag line dOS POSITIVOS desde a sua génese, cruzado aos trolls, web e media dos últimos tempos, e no prelúdio de comentários adicionais ao estado da arte em digi-anarcho-punx que se segue em breve: um interlúdio à resistência da última entrada para comemorar os 28 anos da www.

Pelo Sir:

Today marks 28 years since I submitted my original proposal for the worldwide web. I imagined the web as an open platform that would allow everyone, everywhere to share information, access opportunities, and collaborate across geographic and cultural boundaries. In many ways, the web has lived up to this vision, though it has been a recurring battle to keep it open. But over the past 12 months, I’ve become increasingly worried about three new trends, which I believe we must tackle in order for the web to fulfill its true potential as a tool that serves all of humanity.
in "I invented the web. Here are three things we need to change to save it" 12 mar 2017

E, porque efeméride alguma é desprovida de interpretações além das intencionadas, faremos o registo por via daquele jornal de referência, o Público. Citamos, também de hoje:

Tim Berners-Lee, o cientista britânico que é considerado o pai da World Wide Web, defende que é preciso apertar a regulação da propaganda opolítica online que, segundo ele, está a ser usada de forma "anti-ética" e é um dos maiores desafios no futuro.
in "Pai da web defende regulação mais apertada à propaganda política online" 12 mar 2017

Aquele anti-ético poderá, de futuro, revelar-se muito mais do que um desafio... Continuando.

O cientista frisa que a propaganda política se tornou rapidamente numa indústria sofisticada. "A publicidade segmentada permite que uma campanha diga coisas completamente diferentes, possivelmente contraditórias, para diferentes grupos [de utilizadores]. Isso é democrático?"
in "Pai da web defende regulação mais apertada à propaganda política online" 12 mar 2017

E cita-se, sem se ligar, o artigo original no Guardian. Continuando,

É por isso que Tim Berners-Lee defende que é preciso maior transparência em relação aos algoritmos "para perceber como é que são tomadas decisões importantes que afectam as nossas vidas e, eventualmente, criar um conjunto de princípios comuns que devem ser seguidos".
in "Pai da web defende regulação mais apertada à propaganda política online" 12 mar 2017

Ah, algoritmos! Continuando,

Além deste risco, o pai da www, lista outros.

O primeiro é, de resto, a origem do problema e passa pelo facto de os cidadãos terem perdido o controlo em relação aos dados pessoais. O cientista dá como exemplo os sites que oferecem conteúdos de forma gratuita em troca do registo dos utilizadores. É uma "armadilha", avisa, deixar uma grande quantidade de dados espalhadas por companhias como a Google, o Facebook ou a Amazon que controlam essa informação.

O segundo risco tem a ver com a rapidez com que a desinformação e as notícias falsas se espalham através da rede.
in "Pai da web defende regulação mais apertada à propaganda política online" 12 mar 2017

Ah, privacidade, falta dela, big corps e big daddy-os. Tudo temas relevantes, recorrentes no nosso zine, mas estamos principalmente curiosos como a peça do Público escolhe abordar a peça do Tim. Porque, comparando ao original no Guardian, se a sequência não é factualmente diferente daquela que o Público descreve:

1) We’ve lost control of our personal data
2) It’s too easy for misinformation to spread on the web
3) Political advertising online needs transparency and understanding
in "I invented the web. Here are three things we need to change to save it" 12 mar 2017

- por razões que nos coçam da forma errada, no P destacam avassaladoramente o 3º ponto quando este não só divide importância com os restantes, como em momento algum no original se utiliza a palavra propaganda.

Funny!
Mass... tha fuck?!

Da tradução: "political advertising" dá lugar a "propaganda" apenas porque se perde na tradução: se em PT a palavra assume-se como a candidata óbvia - perdendo para o óbvio "campanha", em EN estão separadas por um mar de intenções, e no seu artigo Berners-L não utiliza o conceito de propaganda com "aquele" sentido que fica sugerido em PT. Em EN, a escolha não é inocente: também deste fim de semana, o mesmo Guardian publicou uma peça sobre, justamente, propaganda, tendo já anteriormente batido nessa tecla outras tantas vezes: é uma diferença que lhes merece a distinção, justamente porque são conceitos que podem ser interligados sendo assim necessário separar intenções. Em PT, confundem-se sentidos.

History stopped in 1936 – after that, there was only propaganda. So said George Orwell.

Estaremos a bater no ceguinho? Poderá ter sido uma infeliz escolha de tradução? Estaremos a inflamar intenções? Voltemos à primeira constatação: de uma peça que elege três perigos à web, fazem toda uma outra sobre propaganda, destacam-na para o próprio título da notícia e escolhem desenvolvê-la muito além da importância relativa que tem no original. Digam-nos: essa escolha já denota intenção?

Na sua série d'os loucos anos 30, on press e propaganda, da diferença de publicidade e a dita:

But propaganda, like advertising, only strikes chords when the conditions are right. (...) Propaganda, however ubiquitous and ingenious, cannot brainwash an entire people. Most individuals remained free in their heads. But there is no doubt that propaganda was highly influential, particularly when projected on to a screen or over the airwaves, at a time when minds as well as bodies were being battered by the economic blizzard.
in "Death of truth: when propaganda and 'alternative facts' first gripped the world" 11mar 2017

E sobre imbecilidade histérica, onde nos cruza ao apontamento de hoje, publicidade e propaganda.

The masses were "hypnotised into a sort of hysterical imbecility by the mesmeric methods of Advertisement". Against a background of turmoil and stress, propaganda dissolved certainties and warped perceptions. "I believe everything but the facts"
in "Death of truth: when propaganda and 'alternative facts' first gripped the world" 11mar 2017

E sobre as suas diferentes formas:

As a British diplomat in Italy complained, the propaganda broadcast from Mussolini’s radio station in Bari bore no relation whatever to the truth, unlike that disseminated from London, which presented news and views "objectively and factually, though favourably by a process of selection and omission".
in "Death of truth: when propaganda and 'alternative facts' first gripped the world" 11mar 2017

Notícias objetivas e factuais que através de um processo de seleção e omissão são favoráveis às suas agendas: familiar?

Fuck’em, imunes avançamos às teses para regressar aos digi-anarcho-punx‘r us. Da peça original, a continuar na próxima instalação:

Through the use of data science and armies of bots, those with bad intentions can game the system to spread misinformation for financial or political gain.
I may have invented the web, but all of you have helped to create what it is today. All kinds of people have helped, from politicians fighting to keep the web open, standards organisations like W3C enhancing the power, accessibility and security of the technology, and people who have protested in the streets.
in "I invented the web. Here are three things we need to change to save it" 12 mar 2017

Se não és um político e não estás em organizações de standards, parece-nos claro qual o papel que te cabe. É o Papi da web que o diz.

tech per se, punx 4 all