sorry folks: u forgot tha say 'please'
voltaremos quando vos for mais inconveniente

the trouble with Lichtenstein

Coincidências: pela manhã trocávamos correspondência na diferença entre apropriação e recontextualização de peças, seguido na leitura do nosso cronista preferido de sexta-feira onde entre apocalipses culturais e outras belezas decadentes, nitidamente kitsch e decorativas nos recorda que -

Foi o fim das "grandes narrativas", que deu lugar a que se falasse do "fim da arte"
in "O catastrofismo quotidiano" 13 jul 2018

Ideia a ponderar quando sabemos que na arte elevada à galeria cresce a tendência para o fim da narrativa. E de artes à galeria chegados a Roy Lichtenstein, figura problemática à banda desenhada enquanto pioneiro na visibilidade que esta granjeia entre essas instituições culturais, vilipendiado por autores como Art Spiegelman justamente pelo tipo de discurso que essa visibilidade trás consigo. Regressamos assim a "textos longos e sumarentos aos interessados na interseção de arte e vaidades", ou, aquela cena:

Comic-book art is now reaching galleries, and it’s starting to face the art world that all the artists have been facing for a long, long time.

A coincidir com a mostra no shopping Colombo dedicado a Roy Lichtenstein, foram recuperadas no TCJ uma série de entrevistas antigas dos archives de Michael Dooley.

Os títulos, senhores... os títulos!


Da entrevista com Robert Williams, Lichtenstein recebe menção especial.

More than a half-century later, the comics community continues to heatedly engage in the Roy Lichtenstein controversy.

One camp — here I’m using the term in the old, pre-Sontag sense — believes that Roy had altered and re-contextualized his source material to create something new, with its own set of aesthetic effects, an art that foregrounds social and cultural issues that were merely latent in the original comics images.

And the other camp believes that he unfairly appropriated that work and treated it very condescendingly when he removed the source material from its original context. Still, the more the arguments are rehashed, the more layered and nuanced they become.

Não tomaremos posição nesse debate mas não precisam de nos torcer o braço para o levantar em favor da terceira opção em escolha:

Maybe the issue will never be settled, even if it’s given another five decades. But then, maybe the journey to some sort of definitive resolution will always be what’s really important.
in "Robert Williams on the Seeds of Modern Art, Mona Lisa’s Mustache, the Trouble with Lichtenstein, and How to Succeed in the Business of Fine Art" 25 jun 2018

Se importa a viagem não o fim, finalizemos de fins com cite para a crónica de António Guerreiro.

[Ernesto De Martino] chama apocalipses culturais aos momentos em que se dá uma forte sensação de perda, uma sensação que não é só física, orgânica, mas também psíquica. Eis um conceito que o nosso tempo nos convida a revisitar.
in "O catastrofismo quotidiano" 13 jul 2018

Way ahead em análises psicoanalíticas: continuamos viagem depois de ontem recordamos o Anti-Édipo.